Streaming já é mais importante que TV aberta na América Latina

 

Se levada em consideração a população latino-americana que assiste a vídeos on-line, a TV aberta foi destronada pelo conteúdo digital à la carte (incluindo Netflix e YouTube). É o que mostram números levantados pela empresa de pesquisa ComScore divulgados nesta quarta-feira (4) pela agência IMS.

Não é novidade que a TV está perdendo espaço para serviços de vídeo por streaming (transmissão em tempo real pela internet), e que, na música, observa-se um processo semelhante.

No Brasil, 73% dos entrevistados disseram ver TV aberta, enquanto 82% acessam serviços de vídeo on-line sob demanda. Na América Latina toda, esses números são praticamente os mesmos: 70% TV e 81% vídeo “on demand’, respectivamente.

“É uma confirmação do que vínhamos observando há algum tempo”, disse em entrevista Gaston Taratuta, presidente-executivo da IMS, empresa que tem como clientes companhias que atuam no setor, como os serviços de vídeo on-line Crackle, da Sony, e Vevo. “E os anunciantes investem seu dinheiro de maneira errada [ao pagar por tempo na TV].”

Foram entrevistadas 8.376 pessoas por e-mail entre 2 e 10 de setembro.

Segundo ele, a importância do vídeo on-line contrasta com o relativamente baixo contingente de pessoas com internet e deve crescer ainda mais nos próximos anos na América Latina. O número de smartphones na região deve passar dos atuais 180 milhões para 650 milhões até 2018, diz.

MERCADO CRESCENTE

De acordo com uma pesquisa da Nielsen Ibope divulgada em julho, 53% dos brasileiros que têm acesso à internet (por sua vez, aproximadamente metade da população, segundo o Comitê Gestor da Internet) acessam conteúdo audiovisual pela rede.

Claro que boa parte do conteúdo assistido pelos internautas foi feito originalmente para a TV. Sites de streaming de redes televisivas ao vivo (sejam eles legalizados ou não) são abundantes –e, dada a quantidade de anúncios que carregam, aparentemente prolíficos.

O mercado publicitário, que se manteve estável neste ano segundo a Ibope Nielsen, continua apostando fortemente nas telas grandes: no primeiro semestre, 55% do faturamento com publicidade foi para redes de TV aberta. Logo atrás vêm jornais (13%) e TV paga (10%).

Em abril, o Ibope anunciou que passaria a medir a audiência de programas de TV não só em aparelhos televisivos de fato, mas também nos sites das emissoras, redes sociais (conteúdo gravado) e outros serviços.

A lista de canais com maior número de seguidores no YouTube, por outro lado, é composta quase majoritariamente por estrelas pop (Taylor Swift, Rihanna) e por fenômenos puramente internéticos, como “nigahiga” e PewDiePie. (Veja outro ranking, dos YouTubers mais bem-pagos do mundo, também formado quase que só por gente que nasceu na web)

NO CELULAR

A atividade “multitela”, como ver TV e usar o celular ao mesmo tempo, também é crescentemente importante. Segundo a Nielsen Ibope, essa atividade conjunta é o terceiro “momento” mais comum entre usuários de smartphone, atrás só de “enquanto espero” e “antes de dormir”.

Nos EUA, um estudo publicado pela ONG educacional Common Sense Media mostra que adolescentes no país gastam em média 9 horas por dia consumindo conteúdo digital em música ou vídeo.

O celular é especialmente importante nesse processo: 80% dos entrevistados preferem o smartphone a qualquer outro aparelho para consumir vídeo. “Cada vez mais cresce o número de internautas que nunca tiveram um computador”, diz o executivo.

Outra pesquisa, realizada pela Ericsson e publicada em setembro, diz que 39% dos usuários de smartphone em São Paulo assistem a vídeos no transporte urbano, tanto individual quanto coletivo.

Para Taratuta, as empresas que anunciam em TV também perdem por não poder filtrar o público-alvo para suas campanhas e não precisam necessariamente criar campanhas específicas para a internet.

“Não acho que tenha diferença [entre uma propaganda em vídeo veiculada na TV ou na rede]. Além disso, você pode escolher anunciar para só quem gosta de Shakira ou que tenha entre 30 e 40 anos, por exemplo.”

O tempo gasto pelos entrevistados na TV é de 5h30min por semana e, em vídeo na web, 13h36min, acima da média para toda a região estudada. (Folha Online)

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