Pessoas com Síndrome de Down ainda enfrentam os desafios de inclusão em diversas áreas da sociedade. Mas esta realidade, aos poucos, está sendo mudada. Em João Pessoa, uma academia vem através da prática do boxe, estimular o desenvolvimento físico e cognitivo de jovens com Síndrome de Down. A atividade oferece não só os benefícios de um exercício físico, mas também incentiva à disciplina e o equilíbrio emocional, a interatividade e o respeito a si próprio e ao outro.
Foi através do boxe que Aaron Pacote, de 21 anos, teve uma grande mudança de vida. O jovem que tem Síndrome de Down sofreu bullying na escola, este episódio levou Aaron a um quadro depressivo. E em uma tentativa de ajudar o filho, Eliane Pacote, mãe do Aaron, procurou o boxe como uma alternativa.
“Meu filho sofreu muito bullying. Isso o deixou completamente inseguro e iniciou um processo depressivo. Procurei um médico e ele receitou remédios para tratar a depressão. Mas preferi procurar alternativas, como a prática de uma atividade física. Fui a várias academias e elas se negavam a aceitá-lo porque ele tem Síndrome de Down. Já estava quase desistindo quando vi uma reportagem com o ator Malvino Salvador dizendo que ele tinha uma baixa autoestima e que tinha conseguido superar através do boxe. Então, por sugestão do meu filho mais velho, que treinava na academia Mesquita, eu decidi procurar o treinador para propor que ele treinasse meu filho. Lembro que ele disse que nunca tinha tido essa experiência, porém se conseguisse treinar uma pessoa com deficiência, ele se realizaria como profissional. No início ninguém acreditou que pudesse a dar certo.”, comenta Eliane Pacote.
Aaron Pacote começou a treinar boxe com 14 anos. E ele fala que o que mais gosta na atividade é do seu mestre, porque ele o ensina a ficar mais forte. Para Eliane Pacote esse estímulo é muito importante na vida de qualquer pessoa com deficiência. “Ter alguém que acredite nele de verdade e mostre que ele pode tudo. Mesquita não enxergou a síndrome e sim uma pessoa. Para uma mãe, perceber a melhora do filho é uma sensação indescritível”, comenta Eliana.
De acordo com o treinador Muhammad Al Mesquita, o treinamento feito com pessoas com Síndrome de Down não é voltado para competição e sim para melhoria da qualidade de vida e a questão da inclusão social. A partir de Aaron, outras mães também se interessaram pelo projeto. Hoje ele treina 8 jovens com síndrome de Down.
A partir do trabalho que foi desenvolvido com esses jovens, Mesquita conta que também foi procurado por pais de jovens com Transtorno do Espectro Autista. “Quando me procuraram eu pensei muito, pois apesar de ser educador físico, nunca havia trabalhado com pessoas com alguma Síndrome ou Transtorno. Então comecei a pesquisar sobre o assunto para compreender melhor.”, comenta Mesquita.
Além de fortalecer a musculatura, o boxe melhora bastante o condicionamento físico. Anna Christina Neiva é mãe de Henrique Neiva, de 18 anos. Ela comenta que decidiu colocar o meu filho no boxe para que ele pudesse descarregar as energias e melhorar a sua saúde como um todo. Ela ainda percebeu que o esporte proporcionou ao seu filho mais agilidade e concentração.